Beleza em Jogo: Como o Autocuidado Masculino Está Ganhando Espaço no Futebol
O Espelho no Vestiário Também é Para Eles
Por muito tempo, falar sobre beleza e autocuidado no futebol masculino era quase um tabu. Em um ambiente onde a masculinidade era medida por força bruta, suor e silêncios nos corredores dos vestiários, qualquer sinal de vaidade era rapidamente rotulado como “frescura”. Mas os tempos mudaram – e, felizmente, o espelho agora virou aliado dentro (e fora) dos gramados.
Hoje, é cada vez mais comum ver jogadores assumindo suas rotinas de skincare, desfilando cortes de cabelo estilosos, apostando em sobrancelhas bem feitas e até em procedimentos estéticos. E não, isso não diminui em nada o talento ou a garra em campo. Muito pelo contrário: mostra que cuidar da própria imagem também é parte do jogo – um jogo que envolve autoestima, identidade e bem-estar.
Essa transformação acompanha um movimento cultural maior, em que o futebol deixa de ser apenas um símbolo de virilidade tradicional para se tornar um espaço mais plural, onde diferentes masculinidades podem coexistir. E como não poderia deixar de ser, a cultura pop dá o passe certo: atletas que transitam entre o campo e as passarelas, que dominam o TikTok com coreografias e lançam tendências nos tapetes vermelhos esportivos. O autocuidado virou parte da performance – e da personalidade – de muitos jogadores.
Neste artigo do PopGol, vamos explorar como o autocuidado masculino conquistou espaço no futebol moderno. Quem são os atletas que estão redefinindo o que significa ser homem nos gramados? Como marcas e clubes estão surfando essa onda? E, principalmente: por que esse movimento importa – especialmente para quem, por tanto tempo, se viu excluído das conversas sobre beleza e expressão?
Porque no futebol de hoje, barba bem feita e chuteira suada podem – e devem – dividir o mesmo campo. ⚽✨💅
Do Gel no Cabelo à Estética Avançada: O Novo Rosto do Futebol
Se antes o máximo de vaidade permitido entre jogadores era um gel bem aplicado antes do jogo, hoje o autocuidado masculino no futebol ganhou status de pauta séria – e visível. Skincare, harmonização facial, depilação, tratamentos capilares, clareamento dental e sobrancelhas milimetricamente desenhadas: o pacote completo já faz parte da rotina de muitos atletas de elite, com direito a esteticistas particulares e produtos de grife na nécessaire.
O futebol atual é um espetáculo também fora das quatro linhas. Com a força das redes sociais, da estética visual e da imagem como ativo de marca, os jogadores se tornaram ícones fashion e influenciadores de estilo. Isso gerou uma mudança importante: a vaidade passou a ser vista como uma ferramenta de expressão e até de empoderamento pessoal.
Um exemplo claro é Richarlison, que não apenas se destaca pela entrega em campo, mas também pelo estilo e pela forma como fala abertamente sobre saúde mental e bem-estar. Em entrevistas recentes, o camisa 9 da Seleção Brasileira e do Tottenham relatou ter procurado ajuda psicológica para lidar com as pressões da carreira e da vida pessoal. Junto com sua presença marcante nas redes – sempre com cortes de cabelo diferentes, tatuagens simbólicas e looks ousados – ele representa uma nova geração de atletas que cuida da mente, do corpo e da imagem sem medo do julgamento.
Outro nome de peso é Cristiano Ronaldo, referência global em performance física, mas também em cuidados com a aparência. O português já declarou diversas vezes sua dedicação a tratamentos estéticos e procedimentos de rejuvenescimento. Fora isso, comanda negócios no setor de beleza, incluindo clínicas de estética em parceria com sua esposa, Georgina Rodríguez.
Até Mbappé, símbolo da nova era do futebol europeu, já estrelou campanhas da Dior e desfilou ternos sob medida e cortes de cabelo estilizados que viraram referência entre jovens torcedores. A imagem pública desses atletas mostra que cuidar de si é parte fundamental da carreira – e que beleza e performance não precisam (nem devem) ser opostos.
Essa mudança de paradigma tem impacto direto fora do campo: cada vez mais homens se sentem encorajados a buscar dermatologistas, usar protetor solar, manter a pele hidratada e, sim, pensar na estética como algo positivo e necessário. O futebol, que por tanto tempo empurrou o cuidado masculino para a margem, agora se coloca no centro dessa revolução de autoestima.
E se hoje o espelho no vestiário não serve só para ajustar a faixa de capitão, é porque finalmente entendemos: autocuidado também é tática de jogo.
Patrocínios e Parcerias com Marcas de Beleza: Futebol Como Influência Estética
Se antes os contratos milionários no futebol estavam restritos a marcas esportivas e de material técnico, hoje os jogadores também são cobiçados pelo mercado da beleza. Perfumes, cremes, produtos para cabelo e skincare masculino se tornaram parte do portfólio de campanhas estreladas por atletas – que deixaram de ser apenas “rostos bonitos” e passaram a ser influenciadores estéticos com forte poder de engajamento.
Cristiano Ronaldo, por exemplo, além de ícone global dentro de campo, é fundador da linha de perfumes CR7® Fragrances, lançada em parceria com a empresa Eden Parfums. A marca, registrada, é um reflexo do branding altamente controlado do jogador, que também empresta sua imagem para campanhas de cuidados pessoais voltadas ao público masculino jovem, conectando beleza e performance.
Outro nome que tem dominado as campanhas publicitárias é Kylian Mbappé, rosto da Dior®, marca registrada do conglomerado LVMH. O atacante do Paris Saint-Germain é o embaixador oficial da linha masculina de perfumes Dior Homme e já desfilou com trajes da marca em eventos de gala, mostrando que o visual também faz parte da identidade competitiva e midiática do jogador moderno.
No Brasil, a relação entre futebol e beleza tem ganhado cada vez mais força com marcas populares. A Natura®, marca registrada brasileira reconhecida internacionalmente, apostou em campanhas com jogadores da Seleção Brasileira para promover suas linhas masculinas, incluindo o perfume Essencial Exclusivo®. A mensagem é clara: o autocuidado é masculino, sim – e o futebol é uma vitrine poderosa para comunicar isso.
Além das marcas de produtos, o próprio ambiente dos clubes tem se transformado. Muitos times de elite hoje oferecem estruturas completas de bem-estar e estética para seus atletas, incluindo barbearias internas, salas de massagem, crioterapia e acompanhamento dermatológico especializado. O autocuidado passou a ser tratado como parte da preparação física e emocional – não como vaidade supérflua.
Essa parceria entre o esporte e o mercado da beleza tem gerado frutos também para os torcedores. Clubes como Paris Saint-Germain®, Manchester City FC® e Flamengo® já lançaram linhas de cosméticos, perfumes e produtos de barbearia licenciados, ampliando o merchandising para além da tradicional camisa oficial. A beleza entrou para o mix de identidade dos clubes – e os fãs, especialmente os homens, estão cada vez mais dispostos a consumir esse tipo de produto.
Se antes a beleza era um apêndice tímido no universo masculino do futebol, agora ela é parte do uniforme. E com a força das parcerias estratégicas, os jogadores assumem o papel de trendsetters globais, colocando a beleza masculina definitivamente em campo.
Vestiário Quebrando Tabus: Autocuidado Não É Fragilidade
Durante décadas, o vestiário de futebol foi espaço de silêncio emocional, onde dor se escondia atrás de bravura e espelho era apenas um acessório funcional. Demonstrar cuidado com a aparência, então, era quase um cartão vermelho simbólico – principalmente em um universo ainda marcado por padrões rígidos de masculinidade. Mas a maré virou, e cada vez mais atletas estão provando que autocuidado não tem nada a ver com fragilidade. Pelo contrário: é sinônimo de força, consciência e presença.
Hoje, o jogador que investe no skincare, que escolhe bem o corte de cabelo, que se preocupa com seu bem-estar estético e emocional, não está “se amolecendo” – está se afirmando. Está dizendo: “Eu cuido de mim porque me respeito, porque sou meu principal patrimônio e porque tenho direito à autoestima.”
Esse novo discurso é fortalecido também por uma geração de atletas que não se esconde mais quando o assunto é saúde mental. Em entrevistas recentes, Richarlison expôs com coragem suas batalhas emocionais, reforçando a importância de procurar ajuda psicológica e romper com o mito da invulnerabilidade. O autocuidado, nesse contexto, passa a ser visto não só como estético, mas como ferramenta de sobrevivência emocional em um esporte que ainda cobra perfeição e dureza o tempo todo.
Além disso, a crescente visibilidade de atletas LGBTQIA+ ou aliados tem impulsionado um ambiente mais acolhedor dentro do futebol – mesmo que a passos lentos. O cuidado com a aparência e o corpo deixou de ser visto como “coisa de gay” (numa lógica antiga e preconceituosa) e passou a integrar um repertório de masculinidades diversas. Ser vaidoso não exclui ninguém do jogo – muito pelo contrário, inclui quem sempre foi marginalizado por se expressar diferente.
Essa mudança cultural também está visível nas arquibancadas e nas redes sociais. Torcedores jovens, especialmente os da comunidade queer, têm se conectado com jogadores que fogem dos estereótipos tradicionais, criando um vínculo que vai além dos gols: é sobre identidade, representatividade e liberdade de ser. Ver um jogador com sobrancelha feita, pele cuidada ou até usando esmalte nas unhas, como já aconteceu com nomes como Héctor Bellerín ou Gabriel Barbosa, manda um recado importante: há espaço para todos os jeitos de ser homem no futebol.
É claro que o preconceito ainda dá suas entradas duras. Nas redes, comentários tóxicos ainda são comuns quando um atleta ousa sair do padrão. Mas, como em qualquer revolução, o barulho faz parte da mudança. E cada jogador que assume sua estética, que exibe seu perfume favorito ou que aparece no Instagram mostrando sua rotina de skincare, está ajudando a reescrever o que significa “ser jogador”.
Porque no final das contas, cuidar de si não tira ninguém do jogo. Pelo contrário – é o que permite que se jogue com mais confiança, saúde e verdade.
Quando o Estilo Vai Além do Campo: Cortes, Looks e Tendências
Se antes o uniforme terminava na chuteira, hoje ele se estende até o feed do Instagram. O visual dos jogadores de futebol se tornou tão comentado quanto suas atuações em campo – e, às vezes, até mais. O cabelo, a barba, as tatuagens, as sobrancelhas, os acessórios, o jeito de se vestir no pré-jogo: tudo virou parte da performance e do branding pessoal dos atletas.
É impossível falar dessa estética contemporânea sem mencionar Neymar Jr., que há mais de uma década dita tendências com seus visuais mutáveis. Do moicano da Copa de 2014 aos cortes platinados com design em 2022, o camisa 10 brasileiro ajudou a normalizar a vaidade masculina no esporte – e a transformar o campo em passarela. Neymar também já apareceu com esmalte nas unhas e anéis ousados, reforçando que estilo é expressão, não rótulo.
Outro exemplo é Kylian Mbappé, que equilibra o minimalismo elegante com cortes de cabelo milimetricamente cuidados. O francês não precisa de visuais extravagantes para marcar presença: ele traduz o estilo moderno e clean, que dialoga com a estética da moda urbana europeia e o luxo discreto de marcas como Dior® – das quais é embaixador.
No Brasil, Richarlison é um ícone do “estilo raiz com atitude pop”. Suas tatuagens contam sua história – família, fé e referências negras –, e seus cortes e colorações refletem fases e estados de espírito. Ele já apareceu com cabelo loiro, azul, raspado com desenhos geométricos e sempre com a autenticidade de quem não tem medo de ousar.
Essa conexão entre futebol e estilo vai além dos cabelos. As tatuagens se tornaram parte do storytelling corporal dos atletas. Jogadores como Gabriel Barbosa, Memphis Depay e Zlatan Ibrahimović usam a pele como manifesto visual: cada símbolo, cada escrita, cada imagem tem um significado pessoal e ao mesmo tempo comunicativo. É moda, mas também é narrativa.
Fora dos gramados, os “looks do dia” dos jogadores viraram atração à parte. Na entrada dos estádios ou nos eventos de gala da FIFA, atletas investem em visuais assinados por estilistas e grifes de alto padrão, como Louis Vuitton®, Balenciaga® e Off-White™. Alguns já têm até stylists próprios e contratos com casas de moda, como é o caso de Jude Bellingham e Achraf Hakimi.
Esse fenômeno conversa diretamente com o público jovem e LGBTQIA+, que vê nesses jogadores não só referências esportivas, mas também ícones fashion e de liberdade estética. A escolha de um corte, de um brinco ou de uma jaqueta não é mais só sobre aparência – é sobre identidade, representatividade e pertencimento.
E nesse desfile que começa no túnel do estádio e termina no Instagram, o futebol vai deixando de ser só suor e grito para se tornar também atitude e imagem. Porque, no fim das contas, o estilo também ganha jogo.
O Que Isso Representa Para a Comunidade LGBTQIA+
Quando um jogador entra em campo com as sobrancelhas feitas, o corte milimetricamente desenhado e o look alinhado, ele pode nem perceber, mas está ajudando a chutar para longe um estigma que há muito tempo afastou parte da população LGBTQIA+ dos gramados. Afinal, o futebol historicamente foi um território marcado por estereótipos rígidos de masculinidade – e por isso, durante muito tempo, beleza e vaidade foram tratadas como sinais de “fraqueza” ou “desvio”.
Mas a ascensão do autocuidado masculino no futebol tem um impacto profundo, especialmente para torcedores LGBTQIA+ que cresceram ouvindo que futebol “não era lugar pra gente”. Ver atletas assumindo sua vaidade, cuidando do corpo, da pele, do cabelo, das roupas – e fazendo tudo isso sem perder o status de ídolos – é uma forma poderosa de representatividade. É como dizer: sim, você também pode pertencer a esse jogo.
Além disso, a pluralidade estética abre espaço para diferentes expressões de masculinidade. Um jogador pode usar esmalte, cuidar da pele com uma rotina completa de skincare, posar para campanhas de perfume e ainda assim ser visto como competitivo, forte e admirado. Isso é revolucionário em um esporte onde até pouco tempo o medo do julgamento era paralisante – tanto para os atletas quanto para os fãs.
Essa transformação tem sido especialmente acolhida por influenciadores queer que dialogam com o futebol. Nas redes sociais, é comum ver criadores de conteúdo comentando os “looks de entrada”, as barbearias dos jogadores, os penteados da rodada – e tudo com o mesmo entusiasmo que se comenta um golaço. Essa conexão entre estética, futebol e identidade cria um ambiente mais inclusivo e moderno, no qual o torcedor LGBTQIA+ não precisa mais escolher entre amar o esporte e ser quem é.
E não para por aí: quando clubes lançam campanhas com mensagens de diversidade, apoiam movimentos como o Mês do Orgulho LGBTQIA+ ou promovem ações com torcidas inclusivas, o futebol se torna também um canal de transformação social. A beleza, nesse contexto, vira bandeira – seja na faixa do cabelo, na camisa arco-íris ou no delineado que alguns atletas já ousam usar.
Num mundo onde o preconceito ainda tenta apitar contra a diversidade, cada visual autêntico e bem cuidado em campo é como um drible na intolerância. E para quem já foi excluído das arquibancadas e dos jogos na rua por não se encaixar no “padrão do boleiro”, ver o futebol se tornar mais plural e estiloso é, sim, um golaço.
Espelho, Espelho Meu, Quem Disse Que Futebol Não é Meu?
Por muito tempo, o futebol foi um lugar onde cuidar da aparência parecia incompatível com ser levado a sério. Mas a maré virou. Hoje, o autocuidado masculino está não só em campo, mas nos bastidores, nas redes, nas campanhas publicitárias e, principalmente, no imaginário coletivo de uma nova geração de fãs – mais diversa, mais livre e muito mais conectada com a estética como forma de identidade.
Quando jogadores como Richarlison falam sobre saúde mental e autoestima, quando Mbappé aparece com looks de alfaiataria sob medida e quando Neymar assume todas as cores da paleta capilar, o que eles estão fazendo é muito mais do que uma declaração de estilo: é uma ruptura simbólica com velhos padrões que restringiam o que um homem – e, principalmente, um jogador – podia ser.
E para a comunidade LGBTQIA+, esse movimento é especialmente potente. Porque, no fim das contas, ver o futebol abraçando o autocuidado é ver o esporte dando um passo importante em direção a um mundo onde todos possam existir sem precisar disfarçar quem são. É uma forma de dizer: você também faz parte disso. Com brilho, com atitude, com personalidade – e, por que não, com um hidratante potente no nécessaire.
O futebol está cada vez mais bonito. E não é só por causa dos gols de placa. É porque, finalmente, a beleza também entrou em jogo.
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