Rainhas do apito: árbitras e comentaristas que brilham tanto quanto divas pop
🎤 Quando o apito vira microfone (e brilha como glitter)
Se tem algo que a gente ama aqui no PopGol é quando o futebol se mistura com poder, representatividade e aquele brilho que só as divas têm. E não pense que é só dentro das quatro linhas que a magia acontece: nas bordas do campo e nas cabines de transmissão, algumas mulheres estão mostrando que comandar o jogo pode ser tão icônico quanto um show da Beyoncé ou uma era da Lady Gaga.
Elas são árbitras, comentaristas, narradoras, analistas. São elas que dão o tom (e o cartão) quando o jogo sai da linha. Em um ambiente historicamente dominado por homens cis, essas mulheres não só ocupam espaços com competência e coragem, como também imprimem personalidade, opinião e estilo — sem pedir licença. Com o microfone ou com o apito, elas não apenas participam do espetáculo: são protagonistas.
E se no pop a gente grita “Rainha!”, aqui não seria diferente: essas mulheres têm luz própria. Neste artigo, vamos apresentar nomes que estão transformando o futebol com talento e atitude — mulheres que brilham, enfrentam críticas com classe e não abaixam o tom nem quando o jogo esquenta. Porque no campo da representatividade, elas são mais que técnicas: são divas em tempo integral.
Prepara o fone de ouvido e o coração: o espetáculo vai começar.
⚖️ Do apito à revolução: árbitras que mudaram as regras do jogo
Durante muito tempo, o som do apito foi quase exclusivo de vozes masculinas. Mas aos poucos — e com muito suor e resistência — mulheres foram conquistando espaço na arbitragem do futebol, uma das áreas mais conservadoras (e machistas) do esporte. E quando elas entraram, foi para mudar a dinâmica, o tom e até a história.
Edina Alves Batista, por exemplo, não apenas entrou em campo — ela entrou para a história. Em 2021, foi a primeira mulher a apitar uma partida de Mundial de Clubes masculino da FIFA. A brasileira, que já tinha apitado finais da Libertadores e atuado na Copa do Mundo Feminina, mostrou que competência não tem gênero. Com postura firme e leitura de jogo afiada, Edina abriu caminho para uma nova geração de árbitras em competições de alto nível.
Na Europa, Stéphanie Frappart, da França, também quebrou recordes e expectativas. Ela foi a primeira mulher a comandar uma partida da UEFA Champions League masculina (Juventus x Dínamo de Kiev, em 2020), e antes disso já havia apitado a final da Supercopa da UEFA entre Liverpool e Chelsea, em 2019. Sua atuação irrepreensível foi aplaudida por jogadores, técnicos e imprensa. Stéphanie não é só uma árbitra: é um símbolo de excelência e resistência.
Outro nome que merece destaque é o da mexicana Lucila Venegas, que tem se consolidado como uma das principais árbitras da CONCACAF. Ela esteve presente em Copas do Mundo Femininas e já apitou jogos decisivos em torneios internacionais. Com firmeza e credibilidade, Lucila representa a força feminina latino-americana nos gramados.
E não para por aí. Árbitras como Yamile García (Colômbia), Gladys Lengwe (Zâmbia) e Kateryna Monzul (Ucrânia) também vêm ocupando espaço nas competições mais relevantes do mundo, inclusive em confrontos de seleções masculinas.
O que todas essas mulheres têm em comum? Elas não apenas seguem as regras — elas reescrevem a narrativa de quem pode estar no centro da decisão.
E como não fazer um paralelo com o universo pop? Assim como Madonna chocou o mundo nos anos 80 ao desafiar os padrões de gênero e comportamento, essas árbitras chocam estruturas ultrapassadas dentro do esporte. Assim como Beyoncé conquistou o topo com disciplina e perfeição técnica, essas profissionais se impõem pela competência — sem precisar gritar. São rainhas do apito, sim, mas também do autocontrole, da ética e da autoridade que inspira.
No campo, elas não estão pedindo espaço — estão ocupando. E fazendo com que meninas do mundo todo vejam o apito não como um limite, mas como uma chave que abre portas.✨
🎙️ Do VAR para o estrelato: comentaristas que conquistaram o público
Se antes os comentários esportivos eram dominados por vozes masculinas de terno e discurso engessado, hoje a coisa mudou — e mudou com glitter, opinião e consciência social. A nova geração de comentaristas e narradoras trouxe não só mais diversidade para as cabines, como também novas formas de falar sobre futebol, mais acessíveis, críticas e conectadas com a realidade do público.
Entre os nomes mais impactantes está Ana Thaís Matos, jornalista e comentarista da TV Globo, que virou referência não apenas por sua análise técnica, mas por sua coragem em pautar machismo, racismo e desigualdade no esporte. Ana é a definição de diva pop com propósito: firme, articulada e cheia de presença. Já enfrentou ataques misóginos nas redes — inclusive por parte de colegas da imprensa — e respondeu com o que tem de melhor: conteúdo e voz firme no ar.
Outro nome que fez história nas transmissões esportivas é o de Renata Silveira, que se tornou a primeira mulher a narrar uma partida de Copa do Mundo masculina na TV aberta brasileira (Globo, 2022). Com dicção precisa e emoção na medida, Renata mostrou que voz de mulher também pode ser trilha sonora de golaços e viradas épicas. Uma revolução que entrou na casa de milhões de torcedores e, mais importante, inspirou meninas a sonhar com o microfone nas mãos.
No time das pioneiras, Milly Lacombe se destaca como uma das primeiras jornalistas esportivas assumidamente lésbicas do Brasil. Sua trajetória inclui passagens por grandes veículos e colunas que abordam futebol com olhar crítico, humano e inclusivo. Milly é a Patti Smith dos comentários: intensa, inteligente e à frente do seu tempo — um ícone da representatividade queer no jornalismo esportivo.
Nomes como Luciana Mariano, primeira narradora da ESPN Brasil, e Manoela Avena, comentarista do grupo Globo, também merecem destaque. Ambas têm contribuído para a renovação do tom e da abordagem no jornalismo esportivo, com análises que equilibram técnica e sensibilidade, sem abrir mão de conteúdo. Cada uma, a seu modo, reforça que o futebol precisa de mais vozes diversas para narrar histórias plurais.
O que essas mulheres têm em comum? Elas não apenas comentam o jogo — elas transformam o jogo do comentário. Com elas, o futebol sai da caixinha tática e entra no território da representatividade, da empatia e da provocação necessária. Como verdadeiras divas pop, essas comentaristas entendem o poder do discurso, da imagem e da conexão com o público.
Se Beyoncé domina o palco com presença e propósito, essas mulheres fazem o mesmo na TV, no rádio, no YouTube ou no Twitter. São artistas da palavra, performers da análise, vozes que ecoam como refrão de hino de Copa. E o melhor: elas ainda estão só começando.
💅 O estilo é delas: quando a identidade entra em campo
Se a arbitragem exige uniformidade e a narração pede foco no jogo, essas mulheres provam que é possível entregar conteúdo com personalidade — e muito estilo. Seja na escolha dos looks, na postura diante das câmeras ou na forma de se comunicar com o público, elas mostram que imagem também é mensagem. E quando a mensagem vem com propósito, ela brilha ainda mais.
Renata Silveira, por exemplo, adota uma presença visual discreta, mas cheia de elegância. Em um universo ainda marcado pela hipervisualização de mulheres, sua sobriedade se torna um gesto de afirmação: não é preciso performar estereótipos para ser ouvida. E isso, por si só, já é uma revolução silenciosa.
Ana Thaís Matos mistura informação com atitude — tanto nas análises quanto nas redes sociais. Ela já declarou que evita neutralidade forçada e prefere ser “honesta com o que acredita”. O resultado? Uma identidade profissional que equilibra firmeza, sensibilidade e autenticidade. Seus visuais, muitas vezes minimalistas e modernos, acompanham esse discurso: sóbria quando quer, ousada quando pode. Como uma boa diva pop que transita entre eras e moods.
Milly Lacombe, por sua vez, sempre foi fiel ao próprio estilo: sem concessões ao padrão televisivo tradicional. Ela incorpora um visual que foge dos códigos engessados da imprensa esportiva, usando isso como parte da sua linguagem crítica. É um estilo que comunica o essencial: “estou aqui pelas ideias, e minha imagem não precisa se encaixar para ser levada a sério.”
A estética dessas profissionais é, no fundo, um reflexo da liberdade que conquistaram com esforço — e da autonomia que reivindicam em cada palavra. O “figurino” é só uma extensão da narrativa que constroem todos os dias: mulheres que se impõem não pelo volume da voz, mas pela coerência, conteúdo e carisma.
E não é que lembra as divas pop? Assim como Lady Gaga já usou um vestido feito de carne para denunciar o controle sobre os corpos femininos, essas mulheres também desafiam o figurino padrão do futebol com sua presença — seja com um blazer ousado, uma franja marcante ou simplesmente com um posicionamento firme no ar.
Porque estilo não é só sobre roupa: é sobre ter algo a dizer, e dizer do seu jeito.
⚖️ As críticas e os cancelamentos: o peso de ser mulher (e visível) no futebol
Ser mulher em espaços historicamente masculinos já é um desafio. Ser mulher e ainda ocupar o centro da fala no futebol, com microfone ou apito na mão, é estar o tempo todo sob julgamento — técnico, estético, moral e digital. E quando se ousa ter opinião, o jogo fica ainda mais pesado.
Muitas das profissionais citadas neste artigo já foram alvo de ataques públicos — não por erros em campo ou comentários imprecisos, mas por simplesmente existirem onde não se esperava vê-las. Ana Thaís Matos, por exemplo, foi vítima de campanhas coordenadas de ódio nas redes sociais após criticar atuações de jogadores homens, sendo chamada de “militante”, “emocionada” ou “incompetente” — rótulos que raramente recaem sobre homens com posicionamentos similares.
Renata Silveira, mesmo sendo uma narradora técnica e serena, já foi questionada simplesmente por ser mulher narrando futebol masculino. Parte do público a atacava antes mesmo de ouvi-la — num retrato claro de como o preconceito se antecipa à performance. Em entrevistas, ela já revelou que precisou lidar com mensagens ofensivas logo após suas primeiras aparições em TV aberta, muitas delas sem nenhuma relação com sua narração.
Milly Lacombe, ao longo de sua carreira, já enfrentou críticas que iam muito além de suas análises — tocando sua orientação sexual, seu visual e até sua forma de se posicionar politicamente. Em vez de recuar, ela transformou essas experiências em potência, escrevendo e debatendo sobre como a misoginia e a LGBTQIA+fobia se escondem por trás da “opinião esportiva”.
E esse não é um fenômeno isolado. Mulheres que comentam futebol nas redes, fazem vídeos no YouTube ou apenas se expressam como torcedoras também sofrem com o policiamento constante: “Você sabe a escalação de 2003?”, “Você assiste mesmo ou é só pra aparecer?”, “Você gosta mesmo de futebol ou só quer biscoito?”. O machismo, nesses casos, não é uma opinião: é uma estratégia para silenciar.
Mas essas mulheres seguem. Porque ser visível é também resistir. E resistir, quando se é mulher (e muitas vezes negra, lésbica ou periférica), significa aguentar não só a pressão da crítica esportiva — mas a cobrança por existir “da forma certa”. Como se houvesse uma forma certa de existir.
Assim como as divas pop que enfrentaram boicotes, cancelamentos e julgamentos — pense em Madonna, Rihanna ou Pabllo Vittar — essas profissionais sabem que ocupar espaço é político, e que o retorno nem sempre vem em forma de aplauso. Mas vem. Vem em cada menina que decide estudar jornalismo, em cada jovem que vê uma mulher narrando um gol histórico, em cada torcedora que se sente representada por uma voz que a entende.
No fim das contas, o que essas mulheres nos mostram é que o futebol, para ser de todos, precisa suportar todas as vozes — inclusive as que incomodam o status quo.
🌟 A próxima geração está chegando: formação, inspiração e futuro
Quando uma mulher entra em campo com o apito na mão ou assume o microfone para comentar uma partida, não é só ela que vence — é todo um sistema que se transforma. E é por isso que cada árbitra, narradora ou comentarista visível hoje ajuda a abrir alas para uma nova geração que já está de chuteira calçada e argumento afiado, pronta para entrar em cena.
Hoje, diversas iniciativas vêm surgindo para formar e incentivar mais mulheres no jornalismo esportivo e na arbitragem. A CBF, por exemplo, tem investido na capacitação de árbitras e assistentes em seus cursos oficiais, inclusive promovendo intercâmbios internacionais e atualizações constantes nas regras do jogo. O aumento da presença feminina em categorias de base e campeonatos regionais também é reflexo de uma política mais ativa de formação — ainda que o caminho a percorrer seja longo.
Outro fator decisivo é a força das redes sociais, onde vozes que antes eram silenciadas agora encontram público, acolhimento e visibilidade. Hoje, uma jovem que sonha em trabalhar com futebol pode começar narrando jogos amadores no TikTok, comentando partidas no Twitter ou criando conteúdo no Instagram. A descentralização da mídia também tem sido um caminho para democratizar o acesso — e isso é revolucionário.
E talvez o mais poderoso de tudo: as referências existem. Uma menina que liga a TV e vê Renata Silveira narrando uma Copa do Mundo entende que aquele lugar é possível. Uma estudante que ouve Ana Thaís Matos debatendo futebol com propriedade e coragem, entende que opinião também é território de mulher. Uma jovem LGBTQIA+ que lê Milly Lacombe em uma crônica crítica percebe que o futebol pode — e deve — ser múltiplo, político e inclusivo.
O futuro, portanto, não depende apenas de cotas ou boas intenções institucionais. Ele depende de visibilidade, representatividade e reconhecimento do valor dessas vozes. E nesse caminho, cada mulher que ocupa o presente ajuda a construir um amanhã em que a diversidade não seja exceção, mas regra.
Porque o futebol pode até ser um jogo de 90 minutos, mas a luta por um esporte mais plural é de longa duração. E felizmente, as próximas titulares da palavra e do apito já estão aquecendo na lateral — prontas para brilhar.
👑 Elas brilham como estrelas (e mostram que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no apito final)
No futebol — assim como no pop — há quem roube a cena, não pelo volume, mas pela presença. Árbitras que comandam o jogo com firmeza e classe. Comentaristas que decifram táticas e, ao mesmo tempo, expõem as estruturas que ainda tentam limitar quem pode falar de futebol. Elas não estão apenas ocupando espaço: estão reescrevendo o roteiro do espetáculo.
Cada uma dessas mulheres carrega uma história que mistura paixão pelo jogo com resistência. Em um campo onde o machismo ainda tenta manter a linha do impedimento, elas seguem driblando preconceitos e levantando a bandeira da representatividade. E o mais bonito? Fazem isso sem perder o estilo, a identidade e a verdade — como toda diva pop que se preze.
A presença feminina (e LGBTQIA+) no apito, no microfone e na análise não é mais exceção. É urgência, é transformação, é o começo de um novo tempo. Um tempo onde a autoridade no campo não tem voz única — tem várias. Onde a opinião vem de vivências diversas, e não de um manual antigo. Onde a torcida canta, sim, mas também ouve.
Se no pop a gente tem Beyoncé, Pabllo, Madonna e tantas outras nos mostrando que lugar de mulher é no palco principal, no futebol essas rainhas do apito e do comentário estão fazendo o mesmo — à beira do campo, nas cabines, nas redes e nos nossos corações.
Porque no final, quem dita o ritmo do jogo são elas. E o espetáculo, com elas, é sempre mais bonito.
Publicar comentário